sexta-feira, 20 de maio de 2011

USO DA TECNOLOGIA EM SALA DE AULA!!!!!

Saiba como é a relação de três escolas do Rio com alunos que não querem abrir mão de seus ‘gadgets’
Joana Dale

RIO - Depois de atravessar os corredores da Escola Americana do Rio de Janeiro, no Alto da Gávea, e passar seu celular para o modo silencioso, a estudante Christina Anderson, de 17 anos, acomoda-se na carteira da sala da professora de História Contemporânea Simonne Guilherme. Ao receber um papel com o roteiro da aula do dia, sobre a China, Christina tira lápis, caderno e um laptop da mochila. Enquanto a professora discorre sobre as ações de Mao Tse Tung (1893-1976), a aluna se apressa a procurar mais informações sobre o ditador chinês no Google.

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— Não posso e nem quero competir com as informações disponíveis na internet — diz a professora, de 45 anos. — Preciso ensinar os alunos a lidar com essa enxurrada de dados.

Na Escola Americana, desde o ano passado, fica a cargo do professor decidir se os alunos podem, ou não, usar o computador portátil em sala de aula. Tudo é novo: por ora, a liberação acontece, mais ou menos, por metade do quadro de docentes — em Matemática, Física e Química (ainda) não tem como. Os alunos adoram, com ressalvas.

— Quando acaba a bateria do computador é ruim ter que ficar com o peso na mochila. Nesse caso, o caderno ainda é mais garantido — compara o estudante Antônio Pedro Ferraz, de 17 anos, que, na dúvida, carrega os dois.

Espera-se que o computador não substitua o caderno, mas transforme seu uso (Rubem Saldanha)

Um esquema de logística adequado anda sendo estudado pela direção da Escola Americana que, assim como outros colégios particulares de classe média alta em solo carioca, deparou-se com um novo cenário: crianças e adolescentes que têm acesso a todo tipo de gadget em casa agora atravessam a porta da sala de aula com os apetrechos tecnológicos dentro da mochila. E não querem abrir mão de usar seus brinquedinhos.

Os modernos rumos da educação, impulsionados pela tecnologia, sugerem a pergunta: será que daqui a pouco o caderno será aposentado de vez?

— Espera-se que o computador não substitua o caderno, mas transforme seu uso. Não faz sentido, numa aula de Português, fazer um ditado no editor de texto — responde Rubem Saldanha, gerente de Educação da Intel Brasil, empresa que defende a ideia de um computador por aluno em sala de aula.

Mestre em Educação, Rubem lembra que o computador é o condutor de uma mudança que se espera desde o século passado:

— Nos anos 70, 80, (o educador) Paulo Freire já falava que a educação precisava levar em conta o entorno do aluno. Uma de suas frases ímpares fala desse momento de transformação que estamos começando a viver: “Ninguém educa ninguém, ninguém se educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo”.



A professora Simone Diniz Barbosa, do departamento de Informática da PUC, não consegue imaginar a extinção do caderno.

— Já existem “pranchetas eletrônicas” cujo conteúdo pode ser passado para o computador — explica Simone, mãe de dois adolescentes. — O ideal é que professores usem a tecnologia a serviço do aprendizado. No colégio dos meus filhos, o Teresiano, uma professora criou um grupo no Facebook para eles estudarem para as provas.

Secretária de Educação Básica do Ministério da Educação, a professora Maria do Pilar ressalta a importância da palavra escrita.

— O computador complementa o ensino, mas a escrita é uma sofisticada tecnologia humana.



Fonte: Jornal Extra OnLine

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